sexta-feira, 11 de maio de 2012

CORDEL: O causo do Bairro Santa Rita

O causo do bairro de Santa Rita



Mulher, senhor e senhora
Conto lhes agora
Um causo de formosas
Negras lindas fogosas
Que fizeram um bairro
Para a Santa Rita
Na cidade de Amargosa
No ano de 1905 chegou
A vila de Santa Terezinha
Dona Nina a então vovó
 Da jeitosa  negra menininha
Pois ouvi da própria Norata
Que não era barata e da
Linda  e fogosa Zamerilda
Como o bairro ganhou vida
Em 1946, ambas com 15 anos
Atraíam viajantes e seus  planos
Vindos dos quatro cantos
De um  mundo nordestino
Para ver as  cabos- verde
E  perde o destino
Ganhavam muitos presentes
Mais nada grande de valia
Comparado ao inocente prazer
De morar na minguara da alegria
Olho de cor  azul,
Cabelo negro como a noite
Cintura fina de agulha
Pele negra que cintilava
Boca carnuda que encantava
Seios pontudos
Que se mostravam
Sempre firmes e duros
Andar rebolante que não negava
Sua essência elegante
E um jeito meigo
Da inocência doce provocante
Não havia ruas nem  sinal
Apenas aquele delicioso matagal
Onde ficavam as duas casas
A da big Zamerilda
E da  fogosa Norata
Ambas negras lindas
Com imenso bumbum
De formosura estrema
E beleza incomum
Comiam pita doída e davam em qualquer um;
Vindas da  atual Cachoeira
Chegaram na   fonte da Minguara,
Bem ali  na beira
Lá nas proximidades de Ordaque
Em meio a mata fechada
Pois o Santa Rita
Não era bairro não era nada
O senhor Geu fazendeiro matuto
Por Norata se apaixonou
Sabia que ela era do povo
Mais isso ele nem ligou
Para Norata  sua amada
Uma casa de encontros furtivos
Logo mobilhada ele criou
Outras amigas vieram aconchegar
 No ninho de amor
Em pouco tempo
Começou a chegar
Amigas desconhecidas
De todo lugar
Os casados só para disfarçar
Colocavam as  santinhas esposas
Para adorar a santa na igrejinha
Lá a santinha no altar;
Enquanto eles curtiam e visitavam
E  E com as danadinhas se  fartavam
AAmiguinhas belas  de Norata
AAs famílias se aproximavam
DDa casa mais visitada
Aos poucos se aproximavam
Da já apelidada casa do céu
Que para as esposas,
Era um inferno,
Era o brega  de Géu
Assim quando o galo cantava;
Quem era casada se trancava
E as rameiras quase nuas
Nas ruas se mostrava, rebolava.
Ao redor da casa do céu
,u      Muitas famílias se formaram
N  Não  cessavam os comentários
               O vai-vem  noite a dentro, adentravam

Mais os freqüentadores
Desta casa da alegria
Moravam no centro
Longe da folia
Tinha um Geraldo  nada santo
Um Almiro muito irado
Um Zizi da castanha
Um louro que não era pássaro
Um Zecão  de meio metro
Tinha até um Natan do sul
Que tocava no Marco Zero
E o convite se espalhava
Diziam: vamos as amargosas!
O povo em felicidade gritava
Lá naquelas casas de  palha,
 Onde a gente se espalha
E o tempo não passa;
Mais os casados diziam
Para suas esposas aflitas:
-‘’Vou lá apenas para beber
Água doce da bica’’;
Para parar a briga
Ainda confessavam muito sério:
Sou devoto fiel de Santa Rita!
Tenho parentes no cemitério...
E assim   quimera por atropelo foi Como surgiu o chapéu de boi
Para encontrar uma rapariga
Levavam o  rádio de curtiça
Para escutar Valera
E fazer pilera
Da cara da mulher de tabela
No mutirão aumentaram o cemitério
Ruas surgiram no entorno
Da casa do inferno
Fizeram até uma escola
Na rua do prédio
Muitos mercadinhos e vendas
Com o que  comprar e vender
Mais o principal produto
Já disse a você...
Hoje a casa do céu virou tédio
Seu Geu  ficou sério
Seus filhos tímidos
Não herdaram o talento
Estariam riquíssimos no seguimento
Norata cansou de chateamento
Fugiu com o coveiro
Montada num pequeno jumento.
Meu  abraço vou deixando
Com alegria no coração
Cuidado com sua companhia
Se tiver muita devoção
Encontros vibrantes e  furtivos
Não precisam mais de local
Motivo,  hora ou razão
Pode estar ocorrendo agora
Enquanto você mim dá atenção.
 Jhucci Pinheiro

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